Pecuarista invade terra indígena de MT para criar gado e abastecer exportações da JBS à União Europeia, diz ONG

  • 29/09/2025
(Foto: Reprodução)
Pecuarista foi denunciado por criar gado em território indígena e vender à JBS em MT Uma investigação da ONG ambiental Greenpeace aponta que frigoríficos da JBS que exportam à União Europeia foram abastecidos por gado criado de forma ilegal pelo pecuarista Mauro Fernando Schaedler, na Terra Indígena Pequizal do Naruvôtu, localizada entre os municípios de Canarana e Gaúcha do Norte (MT). A denúncia foi conduzida pela equipe da ONG e divulgada na última quinta-feira (25), no entanto, não foi formalizada aos órgãos fiscalizadores. Em nota, a JBS negou irregularidades e informou que uma auditoria interna foi realizada para debater as compras mencionadas pela Greenpeace e concluiu que todas seguiram os critérios estabelecidos pela Política de Compra Responsável de Matéria-Prima, assim como os protocolos definidos pelo setor (veja íntegra da nota no final da reportagem). "Diante das informações apresentadas pela investigação, a JBS bloqueou preventivamente a Fazenda Itapirana e solicitou esclarecimento ao produtor", diz trecho da nota. Gado criado na propriedade de Mauro Tuane Fernandes/Greenpeace O g1 também tentou contato com o pecuarista, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem. ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 MT no WhatsApp A denúncia do Greenpeace apontou que Mauro é proprietário da Fazenda Três Coqueiros II e está envolvido em práticas de “lavagem de gado” para viabilizar a comercialização de bovinos criados ilegalmente. A Fazenda Três Coqueiros II teria enviado gado para a Fazenda Itapirana — localizada fora da Terra Indígena — que, no mesmo período, repassou animais a dois frigoríficos da JBS. "É assim que Mauro Fernando tem garantido a comercialização dos animais produzidos de forma irregular dentro da TI Pequizal do Naruvôtu para duas unidades frigoríficas da JBS: um na Barra do Garças e outro em Água Boa", disse o Greenpeace. A lavagem de gado ocorre quando bois criados em áreas irregulares, como terras desmatadas, invadidas ou dentro de territórios indígenas, são transferidos para fazendas sem problemas legais, que “limpam” a origem dos animais. Essas fazendas vendem o gado para frigoríficos, escondendo o vínculo com a destruição ambiental. A investigação aponta ainda que, para burlar a fiscalização, o pecuarista Schaedler transferiu 1.238 cabeças de gado da Fazenda Três Coqueiros II para a Fazenda Itapirana, entre janeiro de 2018 a fevereiro de 2025, após a primeira propriedade ser embargada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em 2023, por operar sem licença ambiental dentro do território indígena. Além disso, as propriedades de Schaedler na Amazônia acumulam multas ambientais que somam R$ 3,1 milhões. O pecuarista foi apontado na denúncia como um dos fazendeiros que contestam a demarcação oficial da terra dos Naruvôtu, homologada pelo governo brasileiro em 2016. Fazendas de Mauro Schaedler localizada dentro do território indígena demarcado em 2016 Greenpeace Veja abaixo a ligação das propriedades de Mauro com a Terra Indígena: 2006 Um laudo antropológico da Fundação Nacional do Índio (Funai) reconhece oficialmente a área tradicionalmente ocupada pelo povo Naruvôtu. 2016 A Terra Indígena Pequizal do Naruvôtu é homologada pelo Governo Federal. No mesmo período, fazendeiros da região, incluindo Mauro Fernando Schaedler, iniciam disputas judiciais contestando a demarcação da terra. 2018–2025 É registrado o período em que ocorre a prática de transferência de gado da Fazenda Três Coqueiros II para a Fazenda Itapirana. 2023 A Fazenda Três Coqueiros II é flagrada desenvolvendo atividade agropecuária ilegal dentro da TI Pequizal do Naruvôtu. O Ibama aplica multa e embarga 592 hectares da propriedade por operar sem licenciamento ambiental. 2025 O Supremo Tribunal Federal (STF) reafirma a validade da demarcação da Terra Indígena Pequizal do Naruvôtu. O reconhecimento fortalece a proteção ao território e deslegitima as tentativas de contestação por parte dos fazendeiros da região. Do território ilegal à Europa Fazenda Três Coqueiros II, com pasto degradado e aparência de abandono em agosto de 2025 Tuane Fernandes/Greenpeace Entre 2018 e 2021, o frigorífico da JBS em Barra do Garças recebeu pelo menos 216 bois da Fazenda Itapirana e continuou comprando animais dessa propriedade até este ano (veja notas no fim da reportagem). Essa unidade é a única da cidade autorizada a exportar carne para a União Europeia, e dados alfandegários indicam que a carne oriunda dessas fazendas pode ter sido comercializada para diversos países europeus, como Espanha, Alemanha, Itália, Países Baixos e Reino Unido. "Grandes corporações, como a JBS, precisam ser reconhecidas pelos danos que provocam e pela sua contribuição com a emergência climática e com a crise da biodiversidade, além de serem responsabilizadas pelos impactos socioambientais e danos que seus modelos de negócio promovem. O lucro não está acima da vida", concluiu o Greenpeace na denúncia. Outro frigorífico da JBS, localizado em Água Boa, recebeu 2.640 bovinos da Fazenda Itapirana entre 2019 e 2025, conforme registros de movimentação de gado. Essa unidade exporta para vários destinos, incluindo Hong Kong, que tem importado carne e miúdos bovinos em grandes quantidades nos últimos anos. Sobreposição com Terra Indígena Segundo o Ministério do Meio Ambiente (MMA), o critério de sobreposição com Terras Indígenas considera áreas em diferentes fases do processo de demarcação, incluindo fases como declarada, homologada, regularizada ou interditada. Uma propriedade é considerada apta quando o mapa georreferenciado, com base no Cadastro Ambiental Rural (CAR), não possui sobreposição com Terra Indígena na data da compra do gado. Já uma propriedade é considerada inapta quando esse mapa possui sobreposição com Terras Indígenas, sendo que os limites variam dependendo do tamanho da propriedade. Íntegra da nota da JBS "O Greenpeace falhou em demonstrar o trânsito do gado da fazenda Três Coqueiros para as fábricas da JBS. Auditoria das compras apontadas pelo Greenpeace constatou que todas seguiram a Política de Compra Responsável de Matéria Prima da Companhia e o protocolo setorial. Ainda assim, diante das informações apresentadas pela "investigação", a JBS bloqueou preventivamente a Fazenda Itapirana e solicitou esclarecimento ao produtor. A JBS monitora 100% dos seus fornecedores por meio de imagens de satélite de alta resolução e cruzamento de informações de bases oficiais. Desde 2021, a companhia implementou a Plataforma Pecuária Transparente, que utiliza tecnologia blockchain e permite aos fornecedores da JBS verificar a conformidade de seus próprios fornecedores, assim enfrentando o desafio setorial de acesso à informação -- a indústria não tem acesso a Guias de Trânsito Animal como as que foram utilizadas nessa investigação". Registro de fornecimento de gado da Fazenda Itapirana para o frigorífico da JBS de Barra do Garças em 2018 Friboi Registro de fornecimento de gado da Fazenda Itapirana para o frigorífico da JBS de Água Boa neste ano Friboi

FONTE: https://g1.globo.com/mt/mato-grosso/noticia/2025/09/29/pecuarista-e-investigado-por-invadir-terra-indigena-em-mt-para-abastecer-exportacoes-da-jbs-a-uniao-europeia.ghtml


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